Estou ligado a uma faixa de música cujo nome desconheço. Atravesso duas estações de metrô (pelo lado de fora, calçada a calçada), sem interromper a escuta do primeiro disco do Animal Collective. Meu coração precisa de bombeamento, alta pressão ambiente sobre ele. Por isso mesmo, é mais do que rugente (mais que urgene) ver de novo o ambiente, agora de fora, nas ruas abertas em comemoração ao Semestre, ao Evento imperceptível que passa.
As pessoas se soltam. A primeira provocação é um beijo, mão na mão, entre os do mesmo sexo. Anos à luz da música. Repaginação da história sem pátina. Atravesso a já formada multidão no corpo musical de um disco inteiro, que vem a ser meu ouvido em fiações desencontradas. O nome Celita volta. Desejei aquela (mulher em roupa cintilante para a madrugada) em uma festa apertada. Festa de apartamento. Não havia walksound naquela época. Assistia-se à lenta mutação dos vinis para discos em laser. A festa em que Celita queria viver algo imediatamente com alguém - eu, entre todos os presentes - significava a contemplação dessa passagem: os vinis finais raspados na órbita acelerada dos sulcos (tal qual um turbilhão em mandala, um mandamento guiado só por música feito para ser gasto ao infinito).
sábado, 10 de outubro de 2009
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