quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quero ver gente, voltar a dançar e comentar a dança em alguma linha incorporal de máquina e multidão solitária (na rede da roda do rol web aranha e aura de companhia).
Depois farei lista dos melhores discos já ouvidos na vida, sem pensar nem nada, fazer amigos, festas em correspondência, numa sideração saturada da existência possível quando dita, postada publicamente. Só assim. Depois de uma morte a distância, sem vela, nem voo no ponto morto do rosto imóvel a escavar em nós o limite onde estamos. Dança e dança. Depois um passeio pela avenida com lastro das últimas músicas inventadas nessa hora, última, imaterialmente testemunhada.
(Volto a me concentrar no Pavilhão do Coletivo Animal, animado a voltar à tese sobre globalidade, técnica e a canção que só toca agora)
Vou me esquecendo da morte de meu pai e não de meu pai, principalmente depois que fiz cerimônia em sua honra no bando dos Budistas Urbanos. Recitais em nome da neve, das flores, com foco na passagem do nome do meu pai no lugar meditado onde se risca com tábua palavras e cânticos o possível rastro da morte. Onde se pensa a morte. Onde não se pensa. Então, meu pai se vê encaminhado por um grupo testemunhal cada vez mais distante, descarnado de todo o juízo circulante, conhecido um dia.
Sob o fundo da música. Oferecemos nosso tempo (uma noite de domingo) e depois louvor cruzado com bebidas não alcóolicas. Repetições de letras intermináveis de canções. Meu pai, então, passa como alguém existido nesse contínuo timbre que vem a ser o vazio renovado. O vazio que o completa e nada mais posso saber, retornando ao meu vulto autômato, sumido noite adentro, instrumentado por meu (I) Podium.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

As coisas - e seus nomes - recaem - com seus sons respectivos, em seguida - sobre mim após o sonho remissivo, endereçado a meu corpo sob a folia coletiva, excedente, na noite em sequência à morte de pai (assimilada como ausência de um rosto).
Depois de horas de rádio autônomo, ambulante - proposição-tese - na roda musical de Animal Collective, na companhia de Bembe, entre noite-tarde tomada pela quadratura do site que ela produz como exigência de atuação, resposta ao vivido. Música, pensamento e desaparição das canções estocadas e dos textos inscritos nas telas, agora, só dessa hora.

domingo, 3 de outubro de 2010

Alto sonho erótico - alardeado e completo em si sem destinatário.

Soma de tudo vivido e nunca por se preencher, dando-se como sonho
(numa senha ou, talvez, sombra de senso).

Um homem desconhecido dá carona a uma mulher que o escolhe para avançar dois bairros durante a chuva (Abrigo Meriva) -
Ele se condói ao perceber que a caroneira deixou-lhe um brutal tesão - Ele fala,
o motorista, sobre o que mais deseja. Passa a expor em voz alta o que pensa em repentina
exibição do pau sob o punho direito, no meio do trânsito - Estou com um puta tesão naquela
que entrou por pouco - No carro, na minha história - A mulher falou onde trabalha (Ele vai
até o celular e resolve tudo. Colhe informação onde encontrá-la e logo sua cabeça baixa não para se sugar em volta-cobra de acrobata, mas para colocar a prega da buça em primeiro plano, tal qual a réstia de um falo colhido por trás de quem o vê).

Assito ("eu") a cena, deitado com alguém (indiviso) - Há uma tv que se desfoca nesse auge do encontro (mirim, mínima) a transmitir o desejo do motorista do Meriva - "Não há como colocar cor na imagem?" (Pergunto, eriçado, a encostar minha pica no pé da pessoa deitada comigo).
E, assim, gozo com o consentimento comparsa, mudo, assim distraído a mirar o mesmo resíduo de filme, a obter tudo pela imagem frágil, borrada, tal como explodo na real e acordo com o creme, a água, a prova de corpo dissolvido que tenho em mim.