quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Vou me esquecendo da morte de meu pai e não de meu pai, principalmente depois que fiz cerimônia em sua honra no bando dos Budistas Urbanos. Recitais em nome da neve, das flores, com foco na passagem do nome do meu pai no lugar meditado onde se risca com tábua palavras e cânticos o possível rastro da morte. Onde se pensa a morte. Onde não se pensa. Então, meu pai se vê encaminhado por um grupo testemunhal cada vez mais distante, descarnado de todo o juízo circulante, conhecido um dia.
Sob o fundo da música. Oferecemos nosso tempo (uma noite de domingo) e depois louvor cruzado com bebidas não alcóolicas. Repetições de letras intermináveis de canções. Meu pai, então, passa como alguém existido nesse contínuo timbre que vem a ser o vazio renovado. O vazio que o completa e nada mais posso saber, retornando ao meu vulto autômato, sumido noite adentro, instrumentado por meu (I) Podium.

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