quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


Não há mais música.
Não se ouve mais uma difusão aberta, um contágio por conta
da canção que toma a hora e a cidade.

Bembe contrapõe o que penso e digo logo pela manhã.

- Os jovens escutam, continuam a celebrar.

- Onde?
Onde não há canais de transmissão, nem festa, apenas o veio de uma única escuta,
maquinal, exposta em rede.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Na casa dividida com minha mulher, faço reentrada. Logo após cerimônia búdica,
tudo causa espanto. Meus próprios retratos ao lado de Bembe, enfileirados ao lado do
anjo-vela comprado no Incensário Entreposto Natural.
Pouco a pouco, retomo a pesquisa concentrada que é em escuta de música.
Novos sons introduzidos no I-Podium: um coro negro das Ronettes em nome de uma
compilação em torno de Phil Spector. Muro-de-som. Barreira da hora, tendo meu corpo
como a única cicatriz do que se chama ainda "meu pai". Resume Bembe com felicidade:
seu pai agora não existe. Apenas o rastro, algum naco de poema-bodisavtha a ser relembrado
ao caso não coincidente de desaparição, orfandade absurda crescida a cada hora. Telenovena
herdada involuntariamente quando se respira o ar, sem que se saiba.