sábado, 25 de setembro de 2010
Quando retorno para casa, a ligação do Rio volta - a cobrar - para dizer em pranto seco, pela boca de minha única irmã: papai morreu há menos de uma hora. Estou acoplado ao I-Podium. A música do Pavilhão (Animal) ainda toca e então verifico que é hora. Há horas, não tenho o rosto mais nítido de meu pai, vermelho e repositivo das palavras vibrantes pelo ar. Gostava ele de dizer e fazer um batuque na mesa ou na parede como um acompanhamento. Existem refrões que só são dele - "isso é bom pra tosse" (...) "é brincadeira, rapaz". Não sei porque não choro, estrangeiro, exilado do corpo dele. Fico só ligado nas adjacências e não cai nada de mim em torno do seu rastro. Dele, um pai. Mais nada, senão o meu olhar vigilante sobre vazio e uma espécie de sintonia espalhada pelo ar, por tudo que é respiro.
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